Ibama teme rompimento da barragem da Candonga

Ibama teme rompimento da barragem da Candonga

Onze meses depois da tragédia da barragem de Fundão, em Mariana (MG), uma nova cena de rompimento poderá estar nas telinhas e voltar a se repetir até março de 2017. É que a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, conhecida como Candonga, sofre a pressão de 10,5 milhões de m³ de rejeitos, e com a chegada do período chuvoso na região a possibilidade significa risco e medos. Na previsão do Ibama, as chuvas vão levar até Candonga mais 2 milhões de metros cúbicos de rejeitos. O volume de lama atingirá o dobro disso e a estrutura pode não aguentar a pressão de mais 4 milhões de metros cúbicos e desmoronar.

A Usina Hidrelétrica Risoleta Neves está situada na bacia do rio Doce, mais próxima da cabeceira do rio, que ocupa uma área de mais de 83 mil km² nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O empreendimento fica localizado próximo à cidade de Ponte Nova, entre os municípios de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, na Zona da Mata mineira. Ela possui três unidades geradoras, com potência instalada de 140 MW/h (megawatts por hora), que consegue suprir o fornecimento de energia de uma cidade com cerca de 400 mil habitantes. Caso se rompa, os danos ambientais serão irreversíveis. “Serão afetados o meio ambiente como um todo ainda mais, além de problemas socioambientais”, apontou Marcelo Belisário, superintendente do Ibama em Minas Gerais.

Os rejeitos estão distribuídos de maneira generalizada e atualmente estão sendo retirados com uma máquina. Ações estão sendo desenvolvidas para garantir que isso não ocorra. “Podemos citar a dragagem dos rejeitos, a construção de barramentos na calha do rio e o combate à erosão nas margens. Também tem a Operação Áugeas, que vem sendo desenvolvida da barragem do Fundão até a Usina Risoleta Neves. Estamos realizando vistorias frequentes com analistas do Ibama de vários estados para verificar o andamento das ações propostas e que estão sendo levadas a cabo pela mineradora Samarco. Na última semana, no dia 23, foi encerrada a Fase Argos, quando 15 analistas estiveram em diversos locais. Os dados coletados estão sendo compilados e em breve soltaremos os resultados consolidados sobre a situação”, explicou Belisário.

O coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa das Promotorias de Meio Ambiente (Coama), Carlos Eduardo Ferreira, confirmou que há riscos por laudos do próprio consórcio, que reconhece a possibilidade do desabamento da hidrelétrica. “Existe uma remota possibilidade de rompimento da barragem da usina. Essa lama acumulada nas margens do rio pode ser levada para o leito e pressionar a estrutura da barragem. O consórcio aponta que, com a chegada do período chuvoso na região, a hidrelétrica poderá desabar a qualquer momento já a partir de outubro até março de 2017. Apesar de a Samarco retirar a lama com uma máquina, ela não definiu medidas “perfeitas” para monitorar e mitigar os impactos dessa atividade, tendo em vista que não tem mais tempo, porque deveria ter realizado uma ação de revertimento de longo prazo.”

O DRD perguntou à mineradora quantos metros cúbicos de lama estão sendo retirados da hidrelétrica diariamente e qual o motivo de não ter realizado ações para reverter essa possibilidade de desabamento desde quando os rejeitos de Mariana chegaram à hidrelétrica, há onze meses. Em nota, a mineradora respondeu que até o momento foram removidos 380 mil metros cúbicos do reservatório da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves. E em uma primeira fase, que vai até junho de 2017, a meta é retirar 1,3 milhão de metros cúbicos (fase 1 de limpeza do reservatório, que abrange os primeiros 400 metros a montante da barragem).

Fonte: http://www.drd.com.br/

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